terça-feira, 1 de junho de 2010

Mídia social: troca de ideias ou local de trabalho?

Há tempos penso no uso das mídias sociais pelas empresas de comunicação. E o nó de pensamentos ficou ainda mais apertado depois da demissão do editor da National Geographic por comentários sobre a revista Veja - ambas publicadas pela mesma editora - no Twitter. Mais tarde, percebi que não só os comunicadores sofriam "supervisão". Uma garçonete dos Estados Unidos também perdeu seu emprego ao reclamar do valor da gorjeta recebida no atendimento a clientes que saíram bem tarde do restaurante em que ela trabalhava.
Hoje parece impossível trabalhar com comunicação e não estar presente nas redes sociais. Empresas criaram seus perfis e disseminaram suas notícias. Jornalistas se comunicam, trocam ideias. Leitores criticam e elogiam pautas. Fãs se aproximam de seus ídolos, sejam eles de que ramo for: cantores, atores, escritores, pensadores... mas qual o limite de interferência de uma empresa, sobretudo as de comunicação, no Twitter, por exemplo? Ela pode cercear de alguma forma o que é dito por seus funcionários? Qual o limite do bom senso de um profissional ao expor suas opiniões na rede de microblogs?

Nas reflexões que me pus a fazer - e nas conversas que tive com colegas - não consegui clarear minhas ideias. Eu, pessoalmente, acho que deve haver algum cuidado por parte dos profissionais com relação ao comentário de pautas que estão sendo trabalhadas. É bem óbvio que, se comentada uma pauta exclusiva, uma pessoa do veículo concorrente pode se apoderar do tema e fazer a matéria (que deixa de ser exclusiva). No entanto, ao argumentar com um colega, ele me deu a seguinte percepção:

"Para mim, as mídias sociais são como 'conversas de boteco em escala global'. Não acho que as empresas de comunicação deveriam se meter. Eu acredito que elas querem se apoderar de algo que não é delas. E, assim, acabam por cercear a liberdade de expressão não do funcionário, mas da pessoa física".

Confesso que o argumento faz sentido. Os veículos de comunicação, de fato, "tomam posse" de todas as novas mídias, como se elas tivessem sido criadas para seu uso exclusivo. Acho legítimo que as empresas se coloquem em contato com o internauta de todas as novas maneiras existentes, mas tenho dúvidas se concordo que tais empresas definam o norte do uso das ferramentas de interação. Uma coisa é o bom senso do usuário, a outra, a censura do empregador. É. A dúvida continua...


* Thaís Naldoni é jornalista, graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com passagens pela Folha Online e Sportv, também atuou como repórter e secretária de redação da Revista IMPRENSA.



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