segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Comunicação Integrada, como entregar?

No mundo atual, o acesso e a velocidade da informação via internet, mídias sociais, blogs etc causaram uma verdadeira falta de atenção. Somos bombardeados com tantos inputs simultâneos que, na maioria das vezes, ao invés de lermos ou assistirmos a notícias, vídeos, comentários, editoriais, apenas passamos os olhos, “scaneamos” montanhas de informações, sem nos fixarmos às mensagens.

Em resumo: vivemos uma rotina de muita dispersão e pouca retenção.

Atenção real virou valor. Captar o consumidor, o leitor, o jornalista, cada stakeholder, é tarefa das mais difíceis. Isso só acontece se a comunicação se destacar, oferecendo realmente algo de novo, de inédito, com qualidade e em tempo integral. Porque a diferenciação entre concorrentes já não se dá mais por preço ou produto ou serviço na maioria das vezes, mas pela capacidade de entender as expectativas e demandas de seus públicos-alvo e interagir com eles, trocando informações e, com base nisso, desenvolvendo inovações que geram relevância.

Neste novo cenário, não há mais lealdade. Centenas de novos mercados convivem e todos os públicos recebem e produzem informação. É uma mudança de atitude e de valores, onde quem domina a mensagem não é mais quem a produz, mas quem a consome, como receptor e emissor ao mesmo tempo.

Para ocupar espaço, respeito e admiração nas mentes e corações dos stakeholders neste panorama, as corporações precisam se comunicar de forma cada vez mais transparente, criativa e integrada. Usando em conjunto ferramentas, mídias e ações que os envolvam e construam credibilidade e reputação, engajamento e liderança qualificada, além de promover resultados positivos e o sucesso dos negócios.

Muitas empresas do mercado prometem entregar essa comunicação integrada a seus clientes. Mas poucas são bem sucedidas, porque o desafio é imenso.

Trabalhar com profissionais antenados, que combinem diferentes competências, habilidades e pontos de vista, que pensem fora da caixa, que consigam inovar através de canais não tradicionais que se complementam como numa cadeia, conversando entre si, é o caminho óbvio. Assessoria de imprensa, marketing experiencial (eventos, ações de relacionamento), comunicação interna, monitoramento e intervenção nas mídias sociais, ações com blogueiros, tudo isso e muito mais pode ser mixado para agregar valor à imagem do cliente, seu produto, seu serviço.

Mas é preciso ir além. É essencial estabelecer, junto com esse cliente, qual é a promessa, a essência dessa marca/produto/serviço, aquilo pelo qual a empresa quer realmente ser lembrada e pelo qual ela estabelece uma conexão tão forte com seu target que cria um vínculo com ele que o faz voltar. É esta promessa que deve permear fortemente toda e qualquer comunicação integrada, ajudando a conquistar credibilidade e lembrança, por todas as vias possíveis.

Um bom exemplo dessa promessa de marca é o da rede de cafeterias americana Starbucks cujo “mantra” é “We’re not in the coffee business; we are in the people business serving coffee “. Para a Starbucks, as pessoas - sempre elas em primeiro lugar - são o foco do negócio, e sua missão é atendê-las com a máxima excelência, gerando satisfação e awareness. Ah, sim, servindo-lhes café.

Entregar comunicação integrada não é fácil. E o primeiro passo para chegar lá depende também de pessoas: com um planejamento conjunto entre cliente e agência, os resultados certamente virão. Com cafezinho ou não.



Escrito por Rosana Monteiro e Vania Ciorlia, diretora executiva da Ketchum Estratégia, responsável pela área de Comunicação Integrada.

Texto publicado no portal Aberje em 04/10/2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O ABC da comunicação corporativa (parte 2)

Para tentar dar alguma luz a quem atua em comunicação corporativa, continuo aqui o meu pequeno dicionário. Agora de L a R.

L
Literatura - Além dos livros técnicos e dos milhares de jornais, revistas e sites que somos obrigados a ler diariamente, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho, nada melhor do que novos e antigos autores para enriquecer vocabulário, aprimorar escrita, abrir horizontes e relaxar um pouco. Acredito que somente livros absolutamente imprescindíveis devam permanecer na estante. Faça a roda girar, "esqueça" um livro por aí de vez em quando para alguém pegar. Doe e leia livros, faz bem à alma e à cultura geral.

M
Mailing - Mandar tudo para todos não faz sentido. O segredo é depurar o mailing e fazer uma comunicação dirigida. Enviar informações de gastronomia para quem cobre a área de Negócios, por exemplo, é o maior tiro no pé. Irrita o jornalista, que fica com caixa de e-mails lotada de assuntos sem interesse. "Perder" tempo para criar uma boa lista de contatos significa "ganhar" resultados no futuro. Cuide de seu mailing com muito carinho.

N
Normas - Seguir normas e padrões ajuda muito. Além de facilitar o trabalho, sem criar armaduras, colabora também para criar a sua imagem e da empresa. Vale para tudo: padrões de assinatura dos e-mails da equipe, determinação da postura dos funcionários, normas de escrita etc. É um processo, não termina nunca.

O
Ouvido - Utilize essa parte do seu corpo que, não por acaso, fica próximo ao cérebro. Aprenda que ouvir é mais importante, muitas vezes, do que falar. Dê uma pausa no seu discurso inteligente na frente do cliente para saber o que ele deseja, o que o jornalista busca, o que os outros esperam de você. Ouvir é uma arte.

P
Planejamento - Para apresentar um plano de comunicação é preciso conhecer a fundo o cliente. Muita gente pensa que o assessor vai tirar o coelho da cartola e apresentar a solução ideal após um briefing de meia hora. A comunicação precisa estar alinhada com o planejamento estratégico da empresa, com definições claras de metas, objetivos e visão de longo prazo.

Q
Q. I. (Quem indica) - Se quiser alcançar sucesso profissional - como empresário ou funcionário - recomendo começar a circular por aí para criar um excelente network. Vá a eventos diversos, faça cursos na área ou fora dela, conheça e reveja pessoas no mundo físico e virtual. Muito difícil conquistar um cliente apenas batendo na sua porta. O que funciona mesmo é o Q.I., a indicação de outra pessoa. Nosso maior avalista é aquele que fala bem da gente.

R
Release - Dizem que vai acabar e se tornará um instrumento para poucas ocasiões. Por enquanto ainda é bastante utilizado. Se for para escrever superficialidades, melhor não enviar. O duro é fazer o cliente entender isso. Mas se ele lhe contratou é porque você é o especialista no assunto. Bata o pé até gastar a sola. Relevância também começa com R e poderia estar nesta lista.



* Lucia Faria é jornalista, pós-graduada na Universidade de São Paulo (USP) em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, comanda desde 2002 sua própria agência, a Lucia Faria Inteligência em Comunicação.

Texto publicado no Portal Imprensa, em 24/09/2010