sexta-feira, 30 de abril de 2010

Como evitar incêndios

Por Delphis Fonseca

Imagino que você já tenha passado por situações delicadas devido a falhas de comunicação. Mas, não se preocupe. Isso não acontece só com você. De pequenos duelos a grandes guerras, os problemas de comunicação têm sido causa de muito sofrimento para a raça humana. E o resultado disso provoca, desde queimaduras leves, até as de terceiro grau. Mas, quais os motivos de tanta confusão? Certamente, cada uma das partes em conflito poderia produzir uma lista imensa deles identificando-se como inocente vítima da crueldade de seu opositor.

“Eu suportei muita coisa, mas isso eu não engulo”, “Se o jogo é esse, então, me aguarde!”. Frases como essas são sempre ouvidas em situações de conflito. Talvez, você já tenha usado. Mas, mesmo sem saber do que poderia se tratar uma situação desse tipo, tente imaginar sua origem apenas analisando as frases citadas, com muita atenção. Onde lhe parece que está o conflito?

Na verdade, o interlocutor responsável por frases dessa natureza já se encontrava em um conflito em fase avançada, antes mesmo deste último. Uma considerável dose de insatisfação, somatizando uma série de situações anteriores, já o rondava. Ele estava em conflito com ele próprio. Essa foi a origem. O segundo foi apenas a expressão do primeiro, que precisava se manifestar de alguma forma, e encontrou uma “excelente oportunidade” para isso. Uma situação onde haveria um suposto álibi para si mesmo: “Foi ele quem provocou, não eu!”. Mas, de fato, quando alguém se justifica com frases assim, sabe, lá no fundo, que está tentando se enganar. E que esforço vão! Ele pode até conseguir ludibriar alguns desavisados, mas jamais enganará sua própria consciência. Lá estão registrados os seus verdadeiros princípios. E eles dizem, para quem quiser ouvi-los, que a melhor forma de vencer uma discussão é dissipá-la com equilíbrio e sabedoria. Alimentá-la com mais discórdia, apenas pelo fato de não se considerar o “causador” daquele episódio, só lhe atribuirá uma boa parcela de responsabilidade pelo que resultar daquilo.

Imagine isso: Um vizinho seu ateia fogo no mato de um terreno baldio, do outro lado da sua rua. Você acha aquilo um tremendo absurdo, mas ao invés de tentar apagá-lo, ou avisar o corpo de bombeiros, aproveita para se livrar de um amontoado de folhas secas que estavam espalhadas no seu jardim. Então, o fogo se alastra e causa um grande estrago na vizinhança. Você tem ou não tem sua parcela de responsabilidade sobre o acontecido?

Assim é também nas relações humanas. Devemos nos empenhar em extinguir “incêndios” ou, melhor ainda, devemos desenvolver nossos sentidos de forma a evitar as possibilidades de seu princípio, pois, num deslize emocional, lá estará ele deixando um imenso rastro de devastação.

Mas, como tudo na vida é um aprendizado, se o incêndio acontecer, só restará arcar com as conseqüências e reconstruir uma nova relação a partir dali, quando possível. O fundamental, é que essa reconstrução tenha início no ponto que todos evitam: o reconhecimento das próprias responsabilidades. Ocorrendo essa iluminação interior, o fogo, então, terá servido como um cauterizador de hábitos mentais destrutivos, tornando-o um ser humano mais consciente e, certamente, mais competente em sua função.

Sem esse reconhecimento você pode até conseguir se refazer dos incêndios, mas eles serão presença constante, episódios cíclicos em sua vida. Você continuará a ser cúmplice deles. O incendiário de sua própria consciência.

*Fonte site Aberje

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A nova postura da comunicação em tempo de redes sociais

Há bem pouco tempo, as empresas estavam razoavelmente tranqüilas, sobretudo aquelas que sempre se valeram do seu poder econômico para subjugar os adversários e mesmo para cooptar a mídia que, no Brasil, com raras exceções, costuma ser refém de interesses políticos e comerciais.

Na maioria das cidades brasileiras, a imprensa sempre esteve atrelada a alguns grupos, representantes tradicionais do poder político e econômico local (infelizmente, o caciquismo ainda não foi totalmente derrotado, muito pelo contrário). Nestas cidades, a impunidade, a falta de vigilância imperavam sem dó nem piedade. Particularmente no caso de emissoras de rádio e TV, o controle esteve e permanece em mãos destes grupos hegemônicos porque concessão do Estado, que sempre favoreceu os seus amigos e aliados.

Mas esta zona de conforto pouco a pouco vai se deteriorando, com a multiplicação de veículos jornalísticos e especialmente com a chegada da internet (o número de sites e portais cresceu vertiginosamente) e mais recentemente com a emergência do cidadão enquanto protagonista e produtor de conteúdos.

Os blogs, o twitter, as redes sociais em geral, viraram o mundo das organizações de cabeça para baixo e, parodiando o ditado, "nada ficou como antes no quartel de Abrantes". A certeza do domínio, do controle sobre as informações, se perdeu, levando o desespero para empresários inescrupulosos ou incompetentes e seus gestores de comunicação.

Se era fácil no passado calar jornais, emissoras de rádio e TV, que cediam facilmente às pressões, particularmente a econômica, o mesmo não se pode dizer agora das redes sociais, dos grupos organizados que defendem causas específicas (ambientais, direitos humanos, relações democráticas no trabalho, direitos do consumidor etc). Logo, a coisa definitivamente "começou a pegar" para as organizações e elas, desacostumadas ao diálogo e ao relacionamento franco, têm posto literalmente os pés pelas mãos, muitas vezes mais perdidas do que cachorro que cai do caminhão em dia de mudança.

Esta falta de habilidade ou competência das organizações em lidar com a nova realidade tem a ver com uma série de circunstâncias. Em primeiro lugar, a cultura (e consequentemente o processo de gestão) da maioria das organizações, apesar do discurso em contrário, continua sendo avessa ao debate, à divergência , enxergando opiniões contrárias como afrontas que devem ser, quando possível, combatidas a ferro e fogo. Essa postura vale tanto para os públicos internos quanto externos e, notadamente os funcionários, sentem na pele ("manda quem pode, obedece quem tem juízo", não é assim?) o autoritarismo de chefias e mesmo de profissionais de comunicação a seu serviço.

Em segundo lugar, as organizações ainda não se deram conta (embora isso vá acontecer naturalmente com o desvendar desta nova realidade) de que o mundo ficou diferente e que será necessário, cada vez mais, rever os velhos conceitos. Já não dá para chamar a polícia para combater os grevistas, como as montadoras, por exemplo, faziam nos tempos da ditadura, não funciona mais o argumento da luta contra o comunismo para silenciar sindicalistas e profissionais de imprensa e muito menos é possível cooptar todos os adversários porque eles são cada vez mais numerosos (subjugá-los todos é economicamente inviável).

Em terceiro lugar, as redes sociais, a blogosfera, permitiram que vozes individuais se afirmassem e os cidadãos não dependem mais da mediação da imprensa para expressar suas opiniões, divergências e repúdio à postura de determinas empresas. Essa independência em relação à mídia estimulou o espírito crítico e, com o avanço da legislação que protege o consumidor, defende as minorias secularmente discriminadas, pune os crimes ambientais etc, as organizações já não podem apostar no velho e sereno "mar da tranqüilidade" em que viviam.

Finalmente, as novas tecnologias também propiciaram a formação de uma consciência coletiva, a mobilização de grupos descontentes, a divulgação rápida dos abusos cometidos contra mulheres, negros, crianças, pobres, consumidores e estabeleceu-se, quase num passe de mágica, uma solidariedade planetária que tem abraçado causas diversas e que ruidosamente impacta a imagem e a gestão das organizações que não andam fazendo direito a lição de casa.

Isso não quer dizer que corporações predadoras não continuem existindo, mas elas não têm conseguido agora, como sempre fizeram, permanecer escondidas e se sentem, quase sempre, desconfortáveis quando desnudadas diante das luzes dos holofotes da opinião pública.

A força e a pluralidade das redes sociais encorajam os debates, os confrontos, as divergências e as organizações que se empenhavam (e muitas vezes tinham sucesso) para impor as suas vozes e interesses agora se vêem literalmente em palpos de aranha, ou seja têm que negociar com os públicos de interesse (os "stakeholders") continuamente, muitas vezes em desvantagem.
A unanimidade deixou de ser um ideal a perseguir porque inalcançável e a postura a ser adotada, na gestão dos negócios e na forma de se relacionar com os públicos, teve que ser revista.

As redes sociais exigem uma nova cultura de relacionamento que não se confunde com o controle, a censura, auto-censura, a obsessão pelo controle e subjugação das vozes contrárias. O negócio agora é interagir, dialogar, ouvir o outro lado, o que, convenhamos, para algumas organizações significa alto risco porque, ao longo do tempo, sempre optaram pelo caminho mais curto e nefasto do autoritarismo, da arrogância, da grandiloqüência na comunicação.

A comunicação nesses novos tempos exige novos atributos como a ética, a transparência, o profissionalismo e o compromisso com a liberdade de expressão, a pluralidade de opiniões. Ouvir mais e falar menos, este é o novo lema da comunicação moderna.

Temos que reconhecer que este novo modelo ainda é praticado por um número reduzido de organizações e será preciso não apenas mudar a cultura e a postura das organizações, mas investir fortemente na formação dos novos comunicadores, ainda presos a valores ultrapassados.
Nos cursos de comunicação, ainda se cultuam processos como "limpeza de imagem", ainda se festeja o "marketing verde", ainda se acredita na honestidade dos "cases de sucesso" que povoam a literatura e os eventos em Comunicação Empresarial. Ainda temos (são a maioria, infelizmente) gestores de comunicação interna que vêem os funcionários ( e o sindicato) como adversários, sempre dispostos a "detonarem" as organizações e que, por falta de competência ou insegurança, abrigam-se em salas refrigeradas em vez de circularem com desenvoltura pelo chão de fábrica.

A Comunicação Empresarial precisa visitar mais as obras de Paulo Freire, mas continua saudando alguns gurus de plantão e algumas agências/assessorias que apregoam e refinam velhos processos de manipulação, de cooptação e de hipocrisia empresarial.

A Comunicação Empresarial precisa quebrar barreiras e definitivamente comprometer-se com o debate, a divergência, o diálogo e, para tanto, precisamos de comunicadores mais corajosos, que se sintam incomodados em legitimar culturas autoritárias e propostas de comunicação transgênicas, hegemônicas, socialmente irresponsáveis.

O futuro não será generoso com as organizações que insistirem em preservar esta cultura dinossáurica, apoiada em hierarquias rígidas, em ameaças contra aqueles que delas divergem interna e externamente, e que abrem espaço para chefias sem liderança autêntica.

As redes sociais, os cidadãos, os comunicadores de cabeça erguida (não os pelegos que servem organizações predadoras) construirão um novo espaço de relacionamento, uma nova proposta para a gestão dos negócios e da comunicação.

Provavelmente, muitas organizações não poderão assistir a este novo momento porque terão ficado no meio do caminho. O futuro se constrói agora, a cada dia. Sem uma comunicação democrática, as empresas não irão a lugar algum. Você quer apostar?


*Texto de autoria de Wilson Costa Bueno, extraido do Blog do Wilson.
Wilson Costa Bueno é autor dos livros: Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa (Editora Manole); Comunicação Empresarial no Brasil: uma leitura crítica (Mojoara Editorial) e Comunicação, Jornalismo e Meio Ambiente: teoria e pesquisa (Mojoara Editorial).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Há cinco anos o YouTube postava o primeiro vídeo. Hoje tem 10 milhões de acessos/dia

Em 23 de abril de 2005 era inaugurado o sistema de postagens de vídeos do YouTube. Intitulado de “Me at the zoo” (eu no zoológico), o primeiro vídeo do site teve duração de 19 segundos e foi gravado em um zoológico de San Diego, Califórnia. O filme mostrava imagens de Jawed Karim, um dos criadores do YouTube, na frente da jaula de elefantes.
Karim e Chad Hurley são os responsáveis pela criação do maior site de compartilhamento de vídeos do mundo. Um ano após o lançamento foi anunciada a compra bilionária dos domínios do YouTube pelo Google por U$ 1,65 bilhão.

Simplicidade
Em entrevista para a Revista Veja, Chad Hurley contou sobre a criação do site e sobre as pequenas pretensões em torno do portal. Segundo conta, os amigos queriam compartilhar as gravações de um aniversário com outras pessoas, dentre outros eventos, mas era difícil encaminhar por e-mail e demorava muito para ser postado na internet.
Hurley atribui o sucesso do YouTube à simplicidade. Para ele o acesso gratuito, a facilidade de postar os vídeos e o rápido download através da tecnologia Flash foram aspectos essenciais para a popularização do site.

O Youtube e a Publicidade
Com mais de 10 milhões de acessos diários no Brasil, o YouTube é uma das principais pontes entre a publicidade e o seu público alvo. No final de 2009, o Google Brasil abriu um canal (http://www.youtube.com/advertisebr) voltado para a publicidade, propaganda e marketing, o advertisebr.

Me at the zoo


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Fonte: Almanaque da Comunicação